NÃO VAI TER COPA

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      NÃO VAI TER COPA

Entenda o símbolo que há por trás dessa frase.

 Levar ao pé da letra os dizeres “não vai ter Copa”, é, no mínimo, se entregar à burrice (como diz Paulo Ghiraldelli Jr.). Não vai ter Copa se tornou um símbolo, uma figura de linguagem para externar o sentimento de culpa e revolta. Culpa por ter elegido um governo (seja Federal, Estadual ou Municipal) que não cumpriu com as suas promessas, e revolta, pelo mesmo motivo!

            Desde Outubro de 2007 até ao presente momento observamos a pressa do congresso nacional, dos Estados e dos Municípios em cumprir com as metas estabelecidas para a Copa. Obviamente que rodovias, vias de acesso, melhorias no transporte público e outras tarefas assumidas como prioridade não saíram do papel, mas vimos o congresso se articular rapidamente para votar leis a favor da Copa do mundo, a construção (ainda que porcamente e superfaturadas) dos estádios e a corrente gastança de dinheiro para este evento. O setor privado também se mobilizou: organizaram cursos de inglês, vendas de materiais e bugigangas e até flexibilizaram seus períodos de férias para que todos pudessem apreciar a Copa do mundo no Brasil.
            Mas como nem tudo são flores, também vimos as declarações dos “filósofos” Pelé, Ronaldo e mais recentemente do Lula utilizando a imprensa para dizer que a Copa do mundo vai acontecer, quer queiram ou não. E ainda mais, vimos todas as articulações dos grupos opositores para protestar contra a Copa do mundo. O problema não é a Copa do mundo ser no Brasil, muito pelo contrário, seria motivo de grande orgulho sediar tal evento!
Seria, se nossos problemas sociais fossem levados a sério tal como a Copa é levada! Não temos segurança, não temos educação, não temos hospitais, não temos estrutura urbana, não temos transportes, não temos transparência nas contas públicas, mas como disse o “fenômeno”: “Copa se faz com estádios, e não com hospitais” (Ronaldo).

Com a decisão de a Copa do mundo ser no Brasil, vimos um congresso articulado, eficiente, dinâmico e prestativo (para servir à Copa), enquanto isso o Plano Nacional de Educação continua penando no congresso, desde 2011 e já deveria estar em vigor!
É altamente errado dizer que a construção dos estádios demorou! Considerando o tempo 2007-2014 demoramos apenas 7 anos para concluir as obras. Vale lembrar que a transamazônica começou suas obras em 1970 e até hoje não foi concluída. A transposição do Rio São Francisco está engasgada desde 2007. Isso sem contar em diversas escolas e hospitais que atrasam suas reformas em dois, três ou quatro anos (sem falar no superfaturamento), usinas paradas há 25 anos, turbinas de usinas eólicas que nunca funcionaram, hidroelétricas que não foram concluídas, usinas de transmissão de energia que estão paradas… mas “vai ter Copa”.
Entenda, caro leitor, que o nosso problema não é com a Copa. O nosso problema é com a falta de vergonha na cara daqueles que deveriam nos representar. Sejam eles de qual partido forem!
Eis que surge em junho de 2013 as manifestações contra tudo e contra todos. Manifestações muito pertinentes com pautas bem articuladas, entretanto é preciso deixar claro que não adianta manifestar, quebrar tudo, reivindicar e continuar votando nas mesmas raposas, vender seu voto em troca de um saco de farinha ou de uma cesta básica. Não adianta protestar pedindo “mais educação”, ou 10% do PIB para a educação e não verificar o caderno do seu filho na escola.
Mas o nobre Pelé já tinha a solução para os nossos problemas: “Faltam 10 meses para começar a Copa. Não vai dar tempo para ver o que foi gasto. Então vamos aproveitar para arrecadar com turismo e compensar o dinheiro que foi roubado dos estádios”. Viu, simples assim!
Como é possível não se tomar de tamanha alegria diante das ilustres elucubrações ditadas pelos nossos ídolos? Como não se contagiar com tamanha festa? Como não entrar nos movimentos “não vai ter Copa” e cobrar dos ilustres corruptos e hipócritas que tem o poder da caneta?
Literalmente, é óbvio que haverá Copa, quer gostemos, ou não. Quer tenhamos outras prioridades, que já cobramos desde sempre, ou não. Mas é importante deixar claro para o mundo todo, para tudo e para todos os nossos descontentamentos. É preciso deixar claro para aqueles que deveriam nos representar que, aos poucos, estamos acordando.
Como disse a nossa “presidenta”: “O Brasil fará a Copa das Copas”. Realmente, esperamos que sim!
Ivan Claudio Guedes
Geógrafo e Pedagogo
Consultor e assessor pedagógico
Omar de Camargo
Técnico Químico
Professor em Química
Para quem quiser acompanhar alguns links pesquisados:

Artigo publicado em 01 de junho de 2014 no jornal Gazeta Valeparaibana


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About the Author

Ivan Guedes

Prof. Dr. Ivan Claudio Guedes, Geógrafo e Pedagogo. Professor de Geografia na educação básica e Docente do curso de Pedagogia da Faculdade Progresso. Coloca todo o seu conhecimento a disposição de alunos acadêmicos, pesquisadores, concursantes, professores, profissionais da educação e demais estudantes que necessitam ampliar seus conhecimentos escolares ou acadêmicos.

Comments

  1. Como sempre mais um excelente texto, acredito que um dos maiores legados desta Copa está sendo e será mostrar aos nossos governantes que o povo está acordando com sede de melhorias; reforço a parte em que vc cita a necessidade de cada um fazer sua parte e ainda acrescento a necessidade e uma maior fiscalização e cobrança dos movimentos para a realização das melhorias necessárias o povo precisa ocupar não só as ruas como também as câmaras, as prefeituras, os gabinetes enfim todos os espaços que são públicos e cobrar soluções e fiscalizar de perto o que está sendo feito acredito que assim vamos fazer a real diferença.

  2. Obrigado pelo comentário Tomé.
    Acredito que esse momento de mudança seja um momento ímpar na história do Brasil. Também creio que a escola seja um dos principais lugares aonde essa transformação deve vigorar. Como disse o Prof. Florestan "feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas".

  3. Professor Ivan,
    A presidente Dilma optou pelo "padrão FIFA" de qualidade! Podemos compreender assim: o poder não tem escrúpulos… Faz de nós o que quer… E a gente vibra! Tira de nós o direito natural de ser feliz – o futebol é uma arte de rua, reinventado pelo "padrão Fifa" como uma felicidade fictícia de imagens, cores, discurso – a ideologia que tanto Marx nos chamou atenção.
    "E agora José!" Diria o poeta. Vamos pra rua, "vestir uma camisa 'amarela' e sair por aí" porre de "insanidade", defender a "pátria amada" de chuteira e coração explodindo de alegria…
    É dessa forma que somos consumidos, como consumidores inveterados daquilo que é nosso, mas culturalmente fabricado pelo capital "astuto ardil" que se vai ostentar em outras plagas…
    Queremos o hexa!
    Lá vamos, nós, embebecidos do "padrão FIFA", batemos no peito de brasileiro que "não foge à luta" e jamais desiste: "Viva o Brasil!"…
    Dias depois vamos nos dar conta que foram "assassinados" milhares de pessoas por "falta de saúde" nos hospitais moribundos, (in)segurança pública, péssimo transporte urbano, inflação que corrói lentamente o poder aquisitivo, inclusive dos trinta milhões que saíram da pobreza … e pela "educação que deseduca" o cidadão para não ver o verdadeiro Brasil, dos juros escorchantes, dos salários dos aposentados indignos, dos maiores impostos do mundo que nos indigna…
    Com o sentimento e o "olhar" do melhor futebol do mundo, "não vemos, nem ouvimos, nem falamos", nem queremos ouvir falar sobre o lucro que a FIFA leva desta copa realizada na "Pátria amada e idolatrada" do futebol.
    Vamos lá Brasil zil zil zil zil…zil.

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